Júnior e seu laboratório house
O lugar deles não é comum. Mantendo-se fiel aos sampleados e baixos marcantes da house music, o trio Dexterz experimenta um som delineado pelo improviso entre DJ, a bateria acústica e o inesperado violino.
O grupo traz Júlio Torres nas pickups e programações, Amon Lima no violino (que é também integrante do grupo Família Lima) e o Júnior Lima na bateria. Após a separação da dupla que formava com a irmã, Sandy, Júnior vem atuando como produtor musical e investindo em projetos autorais. O grupo Dexterz surgiu em 2010, após o fim da primeira banda de seu baterista pós Sandy & Júnior, o grupo de rock Nove Mil Anjos.
Fã de música eletrônica, em 2009 ele se uniu meio que despretensiosamente ao duo Crossover, formado por Amon e Júlio, e acabaram por sedimentar o novo formato. "Faz sete anos que surgiu o Crossover. O Júnior costumava assistir a gente. Ele estava terminando a outra banda e sugeriu dar uma canja", lembra Amon. A momento para a canja não poderia ser melhor: os três experimentaram o novo formato durante a premiação Cool Awards, da revista Cool Magazine, em que o Crossover receberia o prêmio de Melhor CD Nacional.
"Na premiação, tinha muita gente do ramo da música eletrônica e eles gostaram. Começaram a convidar para tocarmos e fomos vendo que tínhamos uma banda diferente", explica Amon sobre o processo que resultou na Dexterz. Ele reforça que o projeto Crossover ainda existe, mas com sonoridade e foco diferentes.
"No Crossover a gente consegue manter aquele clima de clube. As pessoas vão para dançar. Fazemos uma música mais melodiosa, mais harmônica. Já Dexterz, não importa onde a gente toca, o negocio vira um show. As pessoas dançam, mas estão ali também para a ver a coisa rolar no palco. É mais agitado. A vibe é diferente", explica o violinista.
Sobre o lugar de seu violino no som do trio, Amon diz sentir-se como uma espécie de MC, que, ao invés de falar para embalar o público, aplica o violino. A house music do grupo, destrincha, é permeada por influências do rock dos anos 1970 e do jazz fusion, trazendo como marca a improvisação. "O set list das apresentações da Dexterz se modifica muito. É muito vivo. Não tem um roteiro fechado", explica.
A pesquisa sonora anterior ao show, a criação e experimentação de samplers, de novos recursos eletrônicos, explica, é uma das bases que solidificam o som da banda e dão o entrosamento necessário ao improviso feito no palco. "O nome Dexterz veio muito disso. A gente estava num laboratório, ficava horas cortando, pesquisando, testando muita coisa. Essa lição de casa, nós fazemos. O que a gente não faz muito é ensaiar, para manter o show o mais livre possível", diz.
O grupo já se apresentou em diversas cidades do País, tendo lançado recentemente o single "I Like It". Para Amón, sucesso suficiente para colocar o trio como prioridade entre os projetos que atua (Família Lima, Bittencourt Project e Crossover). "A gente hoje está numa posição bem legal. Conquistamos um espaço muito bom na musica eletrônica", reforça. Eles estão trabalhando em estúdio material inédito para compor o primeiro EP. "Estamos em fase de produção, encontrando nosso som no estúdio, gravando bastante coisa. Estamos vendo o que casa mais com que a gente tem feito atualmente", adianta.
E sobre o peso de subir ao palco em Fortaleza após Ivete e Jennifer Lopes, Amon ameniza: "É complicado porque são dois shows muito grandes. Mas não bota medo. Temos mais de 20 anos de carreira, cada um. A pressão mais favorece que atrapalha. Pode esperar que a gente vai entrar com tudo, com muita vibe".
Fonte: Diário do Nordeste